Eu me ofusco sem perceber, ou sem perceber que me ofusco com
intenção. Me afasto, me estigmatizo, me
teorizo... Não quero causar alguma impressão, não quero ser percebida. É
estranho estar do lado de fora, onde somente posso observar. É estranho ouvir
conversas desemparelhadas pelos corredores e esquinas, conversas que não notam
meus ouvidos, ouvir sobre o espanto de se estar vivo, sobre a dureza do amor,
vingança, noites de delírio e soberba. Eu não me importo, mas incoerentemente
choro escondido. No fundo, sou rasa. Por isso me atenho até onde meus calcanhares
alcançam. Pergunto-me: e se eu me entregar? Seria eu tão boba e desprevenida
quão esses rostos? Estaria eu salva da crucificação de minha mente masoquista?
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