“...Gosto do gosto amargo na boca, as janelas escancaradas, hoje me vesti somente com a luz do dia, talvez numa tentativa fracassada de te sentir
junto comigo enquanto amanhece. Mutabilidade de sensações, as nuvens planadas,
alaranjado doce, tudo corrido... Assim é mais prazeroso, dia manso e ações
corridas. Gosto de contradições. Você inconstante, eu contraditória! Opostos,
polos. Nossa sina? A rua está úmida, sou capaz de sentir através de meus
sapatos. Os vidros de carros embaçados, a noite deve ter tido orgasmos insanos para nos
zombar dessa forma lúdica. Meu coração acelera, o ônibus chega... Meu ímpeto de
mistério é absurdo. Não sou e não me ensaiei, não me importei em saber que você
me observava, até mesmo gostei daquela sensação de invasão. Você sai, mas não
te vejo, somente por décimos de segundo pude beber do restinho do canto de seus
olhos – se é que eram teus olhos – E tudo que posso pressentir é que algo
grande está por vir [...]”
Um comentário:
"se é que eram teus olhos" senti a dor do desconhecimento conhecido em mim.
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