Poucos irão prever o universo que divaga em teu
olhar, poucos tetearão o que há além da tua densa pálida carne ou irão decifrar
a eternidade contida em tua imagem. Tua
alma invisível, escondida dos que vivem na superfície da vida, vela tua
biografia, teu labirinto íntimo confessional.
Sinto pesar pelos que cruzam por ti sem notar, os que abandonam a tua
frágil presença febril. Mas os poucos
que provam da tua eloquência sofrem dessa pequena doença onde o viver sem ti se
torna o maior dos desinteresses humanos. Como pronunciar a indeterminância de
Danielle, que atroz e violenta varia a todo momento? Onde busco a linguagem que figure o existir ao
teu lado? Não, eu não me permito mais do
que esse mero ensaio, curto regurgito de teu espectro. Eu não preciso mais do
que isso, pois te retrato todos os dias em cada livro que leio, filme que
assisto, em cada arte que admiro e utopicamente sinto como se toda história
arquitetasse teu nome. És o meu fascínio cotidiano e tua sede poética do mundo
rasga essa folha de papel pela metade... te narrar é paradoxal quando tu mesma
já é a própria fábula de si.
sexta-feira, 30 de maio de 2014
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Nulo.
Sou vazia como esta rua noturna, às vezes me confundo com meus passos lentos sincronizados contra os asfalto, acreditando que possivelmente outro par de passos está atrás de mim a me seguir, paro e silencio. E então percebo aterrorizada que meu sons são monossilábicos, estou só junto com infinitos casais de postes que me zombam. As árvores cruéis riem de mim em pequenos uivos junto ao vento: eu parto sozinha por decisão própria, repelindo os que de mim tentam se aproximar. E em minha maquiavélica ousadia ainda me indago os motivos de estar voltando para casa desacompanhada, buscando em olhares súbitos a minha volta sinal de existência humana que me resgate e arranque de mim qualquer pronúncia, eu não temeria a aproximação de algum estranho nesta rua. Porém estou só, volto para casa sozinha em silêncio, escoltada por esta natureza urbana intacta que sabe de mim e não sente pena. Afinal, por que haveriam de sentir pena de mim os grilos, sapos, folhas secas e cimento da calçada? Venho só e só eu permaneço em meu desassossego melancólico.
terça-feira, 6 de maio de 2014
Alecrim
De tua pele, o meu desejo!
em últimos suspiros até que exaure
e toda a minha ânsia de ti eu mate
Do teu ser, o meu deslumbre!
e todos os meus olhares em ti repouso
sem que jamais parta o meu fascínio
De nós com sede eu me visto
e faminta a saudade se alimenta
e transbordo-me e transbordo-me
pois clamo teu nome em gritos secretos
e não há o que cale meu te querer perpétuo
em últimos suspiros até que exaure
e toda a minha ânsia de ti eu mate
Do teu ser, o meu deslumbre!
e todos os meus olhares em ti repouso
sem que jamais parta o meu fascínio
De nós com sede eu me visto
e faminta a saudade se alimenta
e transbordo-me e transbordo-me
pois clamo teu nome em gritos secretos
e não há o que cale meu te querer perpétuo
sábado, 3 de maio de 2014
De serpente, desordeno
Eloquente
transcendente em delírios
aveludada de frieza e perversão
de minha garganta fervente, impaciente
por novas mentes.
Apeteço-me destes semáforos piscantes,
sapateando no caos que minha vida se tornara
os cigarros derretendo em minhas mãos
e ele
me ligou
sete vezes
somente hoje.
Meus saltos há muito difundiram com asfalto
Fazendo música à ouvidos estrangeiros
Vivo acompanhada deste Céu desleal
mas qualquer um que me vê passando,
sabe que venho sozinha.
Eloquente
transcendente em delírios
aveludada de frieza e perversão
de minha garganta fervente, impaciente
por novas mentes.
Apeteço-me destes semáforos piscantes,
sapateando no caos que minha vida se tornara
os cigarros derretendo em minhas mãos
e ele
me ligou
sete vezes
somente hoje.
Meus saltos há muito difundiram com asfalto
Fazendo música à ouvidos estrangeiros
Vivo acompanhada deste Céu desleal
mas qualquer um que me vê passando,
sabe que venho sozinha.
Maculada
Quero-te como um bem amante amigo, como tu, eu, e todos os meus poemas gritam para que o mundo também saiba, mas
Não permites
Com tua muda razão, me agrides
E deixa à esmo e ausente desenho do amor perfeito,
Por serem tuas portas grandes ou pequenas demais afastas
Meu corpo, que na idealização do imaculado, tanto insistes
Me explica, meu bem, teu inquieto peito. Me explica tuas lágrimas?
Nossos olhos boêmios atirados pela lenha da casa, aguardaram o entardecer orados das palavras mais belas possíveis e vimos
Surgir as manhãs que eu tanto canto e tu veneras!
[Me perpassa o sangue mais quente que rasga e grita o tempo inteiro pois tu és sim a culpa de toda a minha incompreensão que vai e volta com um gosto amargo na garganta me lembrando um porre ruim que tomei em teu nome]
E no vão da porta que me encontro, olho para trás como último resgate
Do caos e contradições de teus discursos e olhares
Que de tal forma absurda ainda reconheço como lar
Careces de meu colo quente, minhas palavras doces e todo o mais demorar carinho que precisar
Sei pois exiges que eu vá e não me deixas partir
Tua loucura molda essa paixão doentia
[Quase ininterrupta que rouba noites e noites, cartas e cartas e manhãs e cigarros e manchas e conversas e meus deus, onde estará a paz do amor que dito?!]
Mas olho para trás com esperança do último resgate
Antes que tua loucura me afaste de ti,
Pois não sou a mulher inabalável, meu bem.
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