Não estava no auge dos meus dezoito anos, mas nestas
primaveras eu já estava experimentando a terrível e amarga sensação de estar
sozinha. E o pior, com medo. Dissimulada, apenas reclamava e jogava pragas à um
deus que eu não ousava acreditar. Tudo porque a vida em sua infinita crueldade
teimava em me zombar com os mais belos dias chuvosos, frios, regados de dores
que carrego desde o parto por ter nascido prematuramente desesperada pelo amor.
Sim, procurava-o em todos os infinitos cantos. Cantos e poesias trêmulas escritas
nas paredes descascadas do quarto escuro dos meus sonhos lúcidos. Eu estava
sozinha. Definhando e lutando para andar contra pequenas brisas que se faziam
tempestades, enquanto tudo permanecia me dizendo que respirar era uma escolha,
a qualquer hora eu poderia simplesmente fingir, vestir-me de vegetal ambulante,
frenético, autônomo. Seria eu uma terrível masoquista, apaixonada pelo
sofrimento que meu próprio consciente criava? Perguntava e jamais com
respostas, escrevia. Chorava por dentro... não haviam lágrimas para acalento.
Não, havia um enorme, tenebroso, fétido e sem escrúpulos buraco dentro do meu
peito palpitante. Exacerbado de loucura, fantasia e amor pelas coisas frívolas,
bobas e de pouca duração. Como minhas paixões. Depositei minhas forças, minha
doçura, amor e esperança de encontrar nelas o que incessantemente faltava em mim.
Esse brilho que com o tempo transformava-se apenas em uma gota densa e vermelha
de sangue que ninguém mais reconheceria se não adentrasse meus ocultos
sentimentos, insensíveis pensamentos e descobrisse um pouco mais de mim...
Um comentário:
me identificando eternamente em: 3..2..1!
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