Anseio acompanhar o teu sussurro,
melodia triste que incide em meus ouvidos. Gritar teu nome até que ele arrebente
o vigor de minhas cordas vocais, pois tua presença em meu corpo é onipresente e
mortal. Estás a todo momento pairado em mim como um suicida louco que declama
sua última declaração de amor desesperado, ditando a sina de um destino que renuncio.
Não, não pronuncie nada sobre o futuro, sobre o hipotético e irreal... Seria um
grande equívoco falar do amanhã, pois não temos chances de um amor duradouro.
Eu quero apenas insano, intenso e desvairado como teus olhos boêmios e cheio de
desejos libertinos. Eu abdico minha sanidade futura para sentir tua trêmula respiração que me apavora repousada em mim durante a noite, adentrando meu corpo
melancolicamente com toda tua sede. Anseio acompanhar tuas mãos que me
percorrem, compreender tuas linhas que arriscam conquistar minhas terras,
conhecer tua mente confusa, dançar a tua música. Desejo fazer parte de ti enquanto formos um só
e levar de nós a lembrança de um amor infrutífero, porém belo. Recheado de tudo
aquilo que me cala: a vontade, a consumação e a paz que segue silenciosa,
levando nossos segundos, lavando nossas almas.
3 comentários:
É um sentimento tão lindo quanto aterrorizante, né não?
Gostei do texto.
Sentimentos costumam me assustar, defeito meu. Obrigada!
Acho que todo mundo se assusta. Só que uns ignoram e outros vivem pensando nisso. Não decidi ainda o que é melhor. Nem se tem escolha.
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