Não estava no auge dos meus dezoito anos, mas nestas
primaveras eu já estava experimentando a terrível e amarga sensação de estar
sozinha. E o pior, com medo. Dissimulada, apenas reclamava e jogava pragas à um
deus que eu não ousava acreditar. Tudo porque a vida em sua infinita crueldade
teimava em me zombar com os mais belos dias chuvosos, frios, regados de dores
que carrego desde o parto por ter nascido prematuramente desesperada pelo amor.
Sim, procurava-o em todos os infinitos cantos. Cantos e poesias trêmulas escritas
nas paredes descascadas do quarto escuro dos meus sonhos lúcidos. Eu estava
sozinha. Definhando e lutando para andar contra pequenas brisas que se faziam
tempestades, enquanto tudo permanecia me dizendo que respirar era uma escolha,
a qualquer hora eu poderia simplesmente fingir, vestir-me de vegetal ambulante,
frenético, autônomo. Seria eu uma terrível masoquista, apaixonada pelo
sofrimento que meu próprio consciente criava? Perguntava e jamais com
respostas, escrevia. Chorava por dentro... não haviam lágrimas para acalento.
Não, havia um enorme, tenebroso, fétido e sem escrúpulos buraco dentro do meu
peito palpitante. Exacerbado de loucura, fantasia e amor pelas coisas frívolas,
bobas e de pouca duração. Como minhas paixões. Depositei minhas forças, minha
doçura, amor e esperança de encontrar nelas o que incessantemente faltava em mim.
Esse brilho que com o tempo transformava-se apenas em uma gota densa e vermelha
de sangue que ninguém mais reconheceria se não adentrasse meus ocultos
sentimentos, insensíveis pensamentos e descobrisse um pouco mais de mim...
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Sempre acreditei mais no amor que em qualquer religião, jamais cri na imutabilidade da ciência ou na nobreza de um sentimento que não fosse ele a mais pura evidência do amor verdadeiro. Nasci para isso, amar e ser amada, do jeito que dor, intenso, obsceno, ingênuo, philos, eros ou ágape. E é assim que me mantenho: eternamente apaixonada. Não preciso mais do que um amor, até mesmo os corriqueiros, bate boca de esquina e olhares estranho me chamando. Não importa, desde que seja amor... Amor que me move e alimenta. Amor e amor. Me perguntam como posso não sofrer e eu pergunto de volta por que o faria se a felicidade da lembrança é maior que qualquer dor de perda? Se a qualquer hora eu esbarro em um novo amor para novamente me aquecer do mais íntimo sentimento? Me apeteço dos que se fazem mistério, dos que todos os dias me deixam atravessar uma nova porta e à mim, instabilidade e suspense é sim uma dádiva. Adoro o inusitado, desejo incessantemente os extremos. Decifra-me ou devoro-te. Ah! Vem! Mas arranca pedaço... Faz estrago. Me contradigo, não sou uma pessoa só... Que (des)graça seria se eu fosse linear e previsível? Gosto assim, louca, insana, mutável, disforme, irregular... Meu bem, eu sou como as nuvens na imensidão azul dos céus.
(Das infinidades de Almabela).
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
"Mas o exame revelou que não tinha febre, nem dor em nenhuma parte, e a única coisa que sentia de concreto era uma necessidade urgente de morrer. Bastou ao médico um interrogatório insidioso, primeiro a ele e depois à mãe, para comprovar uma vez mais que os sintomas do amor são os mesmos do cólera."
domingo, 19 de agosto de 2012
- Você é diferente.
- É, foi o único tipo de arte em que me dei bem.
- É, foi o único tipo de arte em que me dei bem.
domingo, 12 de agosto de 2012
Perpétuo
Vivo paixões imaginárias
e nunca chegarei ao dom
da concretização
Também não tenho a doçura do canto de um amor bonito
pois quase não amei e quando amei, amei ferida
temendo um adeus inesperado, amei contraditória
na órbita do medo que pus em minha vida
mas dei ainda de cantar apenas minhas vitórias
e nunca chegarei ao dom
da concretização
Também não tenho a doçura do canto de um amor bonito
pois quase não amei e quando amei, amei ferida
temendo um adeus inesperado, amei contraditória
na órbita do medo que pus em minha vida
mas dei ainda de cantar apenas minhas vitórias
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