domingo, 28 de janeiro de 2018

A falta de sono foi o presente que a vida me deu. Aos insones resta a sina de ter muito o que pensar. Eu não preciso desabafar, pois todas as noites revivo meus dias e dores enquanto converso comigo olhando para o escuro retangular e sinistro do meu quarto. A parca iluminação da janela reproduz formas estranhas à noite. Eu não preciso ter a quem recorrer, se meu eu noctívago usa destas mesmas formas e demônios como amigos com a mesma intimidade de quem serve café de fim de tarde para as visitas. Eu sou só porque deus me fez só, deus me fez insone. Minhas olheiras fundas e meu estado quase sempre automático anunciam meu existencialismo consequente da insônia. Sempre cansado, eu basto só. Eu basto no silêncio de meus lençóis, trancafiado em minha cabeça, sentado em uma mesa alegórica e sempre conversando com o meu reflexo no espelho posto diante a mim no outro canto desta minha mesa fictícia.

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