Sinto os dias escaparem de mim como vagas paisagens entre os piscares de olhos que observam algo em movimento.
Eu não desejo a perpetuação do agora, mas o sentir destilar em minha pele e adentrar meus poros e feridas o gosto de todos os dias, sentir-me novamente envolta da sensação de estar viva e presente em minha própria realidade.
O que eu sinto agora é como o trepidar de vento que ainda gelado me beija a nuca e uiva em meus ouvidos os fragmentos do meu cotidiano que eu mesma não vivi, silenciosamente.
O que me rodeia é passageiro e superficial, sinto de maneira dolorosa e melancólica a falta de minha antiga percepção, como uma úlcera visceral que pulsa.
Eu rasgava e engolia minha vida crua, inteira e a violência dos dias me carcomia os órgãos por dentro, era dolorosamente fantástico.
Eu rasgava e engolia minha vida crua, inteira e a violência dos dias me carcomia os órgãos por dentro, era dolorosamente fantástico.
Perdi-me ao aceitar os dias virem e partirem com a mesma leveza e despreocupação de alguém que nada sente ou percebe.
O desinteresse e letargia que me vestem o corpo agora não me cabem, eu pertenço à poesia, eu engulo meus sorrisos e demônios.
É preciso mudar, é hora de novamente
mais uma vez
reinventar-me.
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