Escrevo essas linhas para o futuro, espero que não tão perverso... sei que temos uma idealização bem poética sobre a virtude de todos os seres, mas você está enganada, Sal. O mundo tem potencial para ser igualmente bom ou mal, a carne de todos os seres é muitas vezes corrompida por coisas que você não entende. Não seja ingênua e se proteja.
segunda-feira, 29 de outubro de 2018
sábado, 27 de outubro de 2018
Foram muitos espaços que silenciei. Escrever sempre foi um ato antropofágico para mim, sempre me alimentando com um pedaço cru meu. A carnificina da minha existência foi essa, escrever e me sujar do meu próprio sangue num ato cíclico e sem fim.
Durante toda a minha vida fui espectadora, dificilmente participei dos momentos vividos. Por algum motivo, eu não estava lá, ainda que não tenha certeza de onde eu estava se não ali onde estava. Porém de alguma - estranha - forma posso dizer que sim era eu ali, um eu sintético e postiço, um eu fragmentado. Um outro pedaço - não tão cru - de mim representando meu todo. Essa foi a grande questão de minha vida, entender quem eu era e entender minha representação diante do mundo. Diante de todas as pessoas que acreditavam e acreditam que minha representação fragmentada é, de fato, meu eu.
Pedaço meu que tantas vezes escutei ser belo e me senti trapaceando. Pensei inúmeras vezes estar engasgada, escrevi sobre isso! Sempre numa espécie de suplício: eu não consigo existir. Estou aqui dentro, apenas observando. E por mais frustrada que seja minhas tentativas, permaneço aqui com o rosto vermelho sem conseguir me pronunciar por completo.
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